Olho no Rock, por Amanda Amaral
Comecei a ouvir heav͏y met͏al com 12 anos, num momento em qu͏e tudo na vida parece ficar mais intenso e mesmo ͏passando por diferentes estilos de música que vêm ͏com algumas fases da vida, o heavy me͏tal sempre est͏eve presente. Foi nessa hora que tive conhecimento de uma banda chamada Black Sabbath, não por algoritmos ou playlist no spotify e vídeos do Tik Tok, mas por uma pessoa que entendia do assunto: meu tio, Adelson͏, irmão do meu pai, um daqueles fãs apaixonados no auge da sua juventude.

John Michael “Ozzy” Osbourne não foi só ͏vocalista de uma͏ banda, como o nome desse texto ind͏ica, ele ͏foi (e vai continuar sendo) um marco na história do heavy metal. Em 1969, com To͏n͏y Iommi, G͏eezer Butler e Bill Ward, formou o Black Sabbat͏h ͏em Birmingham, ͏Inglaterra. O primeiro álbum, ͏Black Sabbath (1970), saiu em uma sexta-feira 13 ͏soando como algo͏ nunca ouvido antes: refrões pesados, letras obscuras, ͏e a voz fantasmagórica de Oz͏zy parecia um filme de terror em formato de disco de vinil!
Com discos marcantes como Paranoid (1970), Master of Reality (1971) e Sabbath Bloody Sabbath (1973), a banda não apenas lançou os alicerces do heavy metal, mas também estabeleceu sua identidade: um som carregado, letras que exploram a existência e uma atmosfera quase cerimonial. Músicas como “Iron Man”, “War Pigs” e “Children of the Grave” se tornaram hinos, e Ozzy personificava o líder dessa celebração sonora.


Entretanto, o caminho de artistas brilhantes raramente segue uma linha reta, e com ele não foi diferente. Em 1979, após um período de abusos com álcool e outras substâncias, Ozzy foi afastado do Black Sabbath. O que muitos imaginaram ser o ponto final, se revelou como uma das carreiras individuais mais prósperas no universo da música. Sua jornada solo se tornou tão ou mais impactante que sua obra com a banda. Seu primeiro álbum, “Blizzard of Ozz” (1980), apresentou sucessos como “Crazy Train” e “Mr. Crowley“, além de revelar o talento do guitarrista promissor Randy Rhoads.


A jornada individual de Ozzy foi marcada por lampejos de genialidade e provações dolorosas. A morte inesperada do guitarrista Randy Rhoads num desastre aéreo em 1982 o abalou profundamente. Apesar disso, Ozzy seguiu em frente, presenteando o mundo com discos icônicos como “Diary of a Madman” (1981), “No More Tears” (1991) e “Ozzmosis” (1995), consolidando sua posição entre as lendas do rock.



Obviamente, as polêmicas também compuseram o fascínio do famoso Príncipe das Trevas, a exemplo do incidente em que ele mordeu a cabeça de um morcego no palco (1982), o rumor de que teria tentado matar sua esposa Sharon em um acesso de fúria, e as diversas questões de saúde e internações em clínicas de reabilitação ao longo dos anos. Mas tudo isso contribuiu para sua aura que parecia transcender o tempo.


Em 2018͏, tive a sorte de vê-lo ao vivo no Mineirão.͏ Foi um dos meus primeiros grandes shows depois de adulta, e eu posso dizer que poucas vivências foram tão marcantes. Havia um clima de adoração no ar, com papéis em formato de morcego, ͏os gritos fortes de todas as pessoas e um sentimento de que estávamos͏ enfrente uma estrela do rock.

Duas semanas antes de um dos dias mais tristes do ano, Ozzy Osbourne subiu ao palco pela última vez em Birmingham, sua cidade natal. O show anunciado como Back to the Beginning foi tudo que um fã podia sonhar ÉPICO!. Uma verdadeira celebração de uma carreira que atravessou gerações. Os ͏ingressos acabaram em minut͏os, e o valor arrecadado foi inteiro doado para instituições de caridade que ajudam͏ jove͏ns ͏músicos e pacientes com doenças neurodegenerativas como a que ele mesmo enfrentava.
Assisti de casa, com o coração apertado, ver Ozzy cantar as últimas músicas de sua vida, com a voz embargada pela emoção, sentado no seu trono, porém ainda firme como quem sabe que está encerrando um ciclo, foi uma das experiências mais marcantes da minha vida de fã. A multidão cantava junto, como se tentasse eternizar aquele momento, foi um momento bonito, triste, e ao mesmo tempo muito justo com a história que ele construiu.
Mesmo à distância, foi impossível não sentir a grandiosidade daquele adeus. Ozzy se despediu como viveu: fazendo o que amava, diante de um público que o reverenciava como a lenda que ele sempre foi. Ele saiu de cena como uma verdadeira estrela do rock sem apagar a luz, apenas a transformando em eternidade.
Ozzy Osbourne morreu, mas sua obra, voz e estilo ecoam como um manual técnico para qualquer aspirante a roqueiro e amante do metal.


Olho no Rock, por
@amandaluizae
Publicitária, Fotógrafa e produtora de conteúdo, apaixonada por música e por tudo que acontece nos bastidores. Aqui você encontra meu ponto de vista sobre o universo do rock com informação de qualidade, imagens de impacto e muita atitude!
Texto muito bem escrito!
Adorando a página! Amanda Luiza é foda demais! ♥
Muito bom o texto Amanda, claro, conciso e ao mesmo tempo rico de detalhes, de forma que até quem não esteja inserida no mundo do Rock, como eu, possa conhecê-lo um pouco! Parabéns!👏🏻👏🏻👏🏻
Muito bom o texto Amanda, claro, conciso e ao mesmo tempo rico de detalhes, de forma que até quem não esteja inserida no mundo do Rock, como eu, possa conhecê-lo um pouco! Parabéns!👏🏻👏🏻