Olho no Rock, por Amanda Amaral
Tem uma coisa que me incomoda há tempos: o quanto as pessoas ainda não dão o devido valor aos eventos do underground. A gente vive em um país onde o rock ,especialmente o autoral ,luta pra não ser engolido pelo esquecimento. Não falo isso como quem observa de fora, mas como quem vive no meio, sente a energia dos palcos pequenos, vê os corres de quem vive pela arte que às vezes, mal enche a frente do palco.

O público adora dizer que “rock morreu”, mas ignora os shows que estão acontecendo todo final de semana na cidade. As bandas locais ensaiam, se desdobram para bancar estrutura, transporte, divulgação… e tocam pra meia dúzia de pessoas. Não porque o som é ruim, mas porque o interesse murcha quando o nome não é famoso.
É como se o valor da experiência dependesse do tamanho do palco, quando o que realmente importa é a energia trocada ali, cara a cara, entre banda e público.
Quem frequenta o underground sabe: é nesses eventos que nascem as novas histórias, as parcerias, os projetos, os movimentos. É ali que o rock ainda respira sem marketing falso.

Além disso tem um outro ponto que precisa ser dito: eu gosto de um bom show cover. Tem bandas que fazem homenagens incríveis, com talento e respeito e elas também mantêm o rock vivo. Mas o problema é quando o público se fecha só nisso. Quando lota os bares todo final de semana pra cantar as mesmas músicas de sempre, mas ignora quem tá criando novas. Não é sobre escolher entre um ou outro é sobre entender que os dois podem (e devem) coexistir.
O rock precisa tanto de quem honra o passado quanto de quem ousa escrever o futuro e isso diz muito sobre a forma como a gente consome cultura.
Eu não tô dizendo que não é pra ir nos grandes shows e em Covers (eu também vou, claro). Mas é preciso entender que, sem o underground, não existe cena. É dele que surgem os novos nomes, os novos sons, as ideias que mantêm o gênero vivo.
Talvez seja hora de repensar o que significa apoiar a cena. Não é só compartilhar um flyer ou comentar “bora” e não aparecer. É estar presente, é comprar o ingresso,comprar o merchandising e dar um feedback sincero, é falar sobre o show no dia seguinte.
Porque enquanto o público trata o underground como um passatempo, quem tá no palco trata aquilo como paixão, trabalho e resistência.
Eu entendo que nem todo mundo vai se apaixonar por uma banda nova à primeira vista , porém o mínimo que o rock merece é curiosidade. Ir a um show, dar uma chance, ouvir sem comparar. Porque cada vez que alguém escolhe apoiar o que é novo, o que é local, o que é verdadeiro a cena ganha fôlego. E pra mim, isso é o que mantém o rock de pé.
O underground não precisa de piedade. Precisa de presença.
Olho no Rock, por @amandaluizae ![]()
Publicitária, estudante de Jornalismo, Fotógrafa e produtora de conteúdo, apaixonada por música e por tudo que acontece nos bastidores. Aqui você encontra meu ponto de vista sobre o universo do rock com informação de qualidade, imagens de impacto e muita atitude!