190 mil pessoas estiveram presentes pela Cidade da Música neste primeiro fim de semana, que fechou com uma programação marcada por momentos que entram para a história com as apresentações de lendas Bad Religion, Bruce Dickinson e Iggy Pop

Logo quando os portões do The Town abriram neste segundo dia de festival, já dava para sentir o clima do rock e do punk tomando conta da Cidade da Música que teve 90 mil pessoas presentes neste domingo. Camisas de bandas, jaquetas de couro, o preto predominando e muita atitude nos looks eram vistos desde cedo no festival. O motivo? O maior encontro de artistas desses gêneros musicais estava prestes a acontecer. Dito e feito! Headliner do Skyline, o Green Day fez uma performance irretocável, com o público cantando a plenos pulmões todas as faixas que apareciam no setlist e levando um balão no formato de um dirigível com as palavras “Bad Year”. Bad Religion, Bruce Dickinson e Capital Inicial também não ficaram para trás e entregaram shows memoráveis no palco. No The One, um dos momentos mais esperados da edição aconteceu: o retorno triunfal da lenda Iggy Pop ao Brasil, em uma apresentação potente, no mais puro estilo rock n’ roll possível. Pitty, CPM22 e Supla & Inocentes, alguns dos maiores representantes do rock brasileiro, também subiram ao The One. Nos demais palcos, a energia se manteve em alta durante toda a noite, com apresentações no Quebrada, Factory e São Paulo Square que coroaram este dia histórico no The Town.
Amanda Carvalho Martins, de 35 anos, atriz, de São Paulo, chegou ao The Town cheia de expectativa para assistir ao show do Green Day. Amanda já acompanhou a banda em outras duas ocasiões, incluindo o Rock in Rio, em 2022. “O Billie Joe é um dos frontman mais carismáticos que eu conheço. O show do Green Day sempre entrega muito”, disse.
Green Day, Bad Religion, Bruce Dickinson e Capital Inicial agitaram o Palco Skyline neste domingo
Super à vontade no Skyline, os americanos do Green Day entregaram uma apresentação marcante com sucessos que fizeram parte da trilha sonora de toda uma geração e ainda seguem contagiando o público. Ao longo do show, Billy Joe viu um mar de lanternas de celulares se formar em sua frente, se enrolou numa bandeira do Brasil e interagia a todo o momento com a multidão que acompanhava atentamente os headliners da noite. Incansável em sua estreia no The Town, Green Day fechou a noite do dia 7 de setembro com chave de ouro.
Confirmados essa semana no line-up do The Town, o histórico show do Bad Religion foi outro momento arrebatador do Skyline. Pioneiros do punk californiano, o grupo trouxe para o palco seus sucessos “21st Century” e “American Jesus”, além, claro, de sua energia de mais de quatro décadas de estrada, com letras afiadas e cheias de crítica social.
Bruce Dickinson trouxe ao Skyline a força de sua carreira solo em uma apresentação potente e cheia de carisma. Com sua presença marcante e a mesma energia que o consagrou no Iron Maiden, o vocalista cantou uma música que ficou 41 anos sem ser tocada, “Flash oh the Blade”, e entregou um show repleto de técnica vocal impressionante e momentos de pura conexão com a plateia. Inclusive, na grade do palco estava Silvia Marina Pedrosa, de 56 anos, assistente social que veio ao festival acompanhar o astro: “Sou uma mulher surda, mas reconheço as músicas do Maiden ou o Bruce Dickinson só pelas vibrações e pela leitura labial da boca dele no palco. Virei fã lá pelos 14, 15 anos, o Iron foi minha primeira banda de rock. Em 1985, no primeiro Rock in Rio, no meio da lama, foi a única vez que vi o Iron ao vivo, mas nunca deixei de seguir tudo. Sou muito fã de tanto ouvir, ficou familiar e até estou aprendendo bateria com música”.
Representando o rock brasileiro, o Capital Inicial abriu o Skyline com energia contagiante de sempre. Dinho Ouro Preto e banda levaram o público a cantar em coro hits como “Natasha”, “Quatro Vezes Você” e “Primeiros Erros”, em um show que reforçou a importância da banda na cena nacional.
The One reúne gerações do rock para ovacionar o astro Iggy Pop
Um dos momentos mais esperados da noite aconteceu com o retorno triunfal de Iggy Pop ao Brasil no palco The One. Considerado o “padrinho do punk”, o artista mostrou que sua energia segue inabalável aos 78 anos. Pulando, se jogando no palco e entregando performances intensas, Iggy levou o público ao delírio com clássicos como “Funtime”, “The Passenger” e “I Wanna Be Your Dog”.
O The One também foi espaço para o rock brasileiro em peso: Pitty apresentou um show cheio de atitude e emoção, revisitando sucessos como Admirável Chip Novo e Máscara. O público também estava com a expectativa alta para o show da artista e, em um momento emocionante, a cantora deixou os fãs cantarem em coro em Na Sua Estante enquanto tocava violão. Vladimir Brito, 56 anos, projetista, e sua filha Letícia Fernanda Silva Brito, 26 anos, profissional de administração, vieram juntos ao The Town pela segunda vez. Moradores de São Paulo, eles contaram que a grande expectativa da noite para Vladmir estava no show de Bruce Dickinson, enquanto Letícia aguarda ansiosamente por suas atrações favoritas: Pitty e Green Day. “A Pitty é a artista que mais quero ver, é especial para mim”, contou Letícia.
Antes de Pitty, o CPM 22 colocou a Cidade da Música para cantar alto faixas que marcaram os anos 2000, como “Dias Atrás” e “Um Minuto para o Fim do Mundo”, abrindo as famosas rodinhas punk em diversos momentos do show. Na abertura do palco, Supla & Inocentes entregaram um set vibrante e cheio de personalidade, reforçando a força da cena punk brasileira.
Factory abre espaço para diversidade sonora
O Palco Factory deu espaço a novas vozes do cenário alternativo. Tihuana trouxe seu rock e hardcore, relembrando sucessos como “Tropa de Elite”. Ao encerrar a apresentação, o fotógrafo da banda surpreendeu a todos ao subir no palco para pedir a namorada em casamento, diante de todo o público. A cantora Buhr subiu ao palco com sua estética experimental e performática, apresentando um repertório que mescla política, poesia e música. O grupo Ready to Be Hated mostrou a potência da nova geração, enquanto The Mönic convida Raidol trouxe a força do rock alternativo brasileiro com um show intenso e moderno.
Quebrada reforça a cena periférica
No Palco Quebrada, a autenticidade falou alto. O trio mineiro Black Pantera entregou um show pesado, misturando muito hardcore e thrash. A parceria entre Punho de Mahin & MC Taya levou representatividade e força feminina ao palco, com rimas afiadas e muito groove.
Pelo segundo dia consecutivo, o The Town recebeu a Batalha da Aldeia – Superliga, que agitou o Palco Quebrada neste domingo (07/09). Mais uma vez a programação trouxe grandes duelos: Big Mike (SP) superou MT (RJ), Kaemy (GO) venceu Prado (SP), Devilzinha (RJ) derrotou Tubarão (SP) e Ajota (SP) levou a melhor sobre Julietz (MG). Nas semifinais, Big Mike venceu Kaemy e Devilzinha superou Ajota, garantindo a classificação de ambos para a grande final da Superliga, marcada para 14 de setembro, último dia do festival.
São Paulo Square vira clube de jazz a céu aberto
O clima foi de sofisticação e musicalidade na São Paulo Square, que se transformou em um verdadeiro clube de jazz. O renomado saxofonista Kamasi Washington hipnotizou o público com sua fusão de jazz contemporâneo e elementos do hip hop, apresentando composições longas e envolventes. A Orquestra Mundana Refugi trouxe diversidade cultural ao palco, com arranjos que unem músicos refugiados de diferentes países e ritmos do mundo todo. A The Square Big Band se apresentou em um show instrumental e ainda o lado da cantora Clariana, que encantou com sua voz potente e interpretação marcante de Amy Winehouse.
The Tower encerra a noite em clima eletrônico
Para fechar o dia em grande estilo, o duo Cat Dealers assumiu a The Tower Experience com um setlist explosivo de música eletrônica, repleto de efeitos tecnológicos, embalando a multidão que dançou até o último minuto, transformando a Cidade da Música em uma grande pista ao ar livre e fechando com chave de ouro o primeiro fim de semana do The Town 2025.