Na noite de sexta-feira, 29 de agosto, Belo Horizonte foi palco de uma das maiores bandas da história do Brasil: “Paralamas do Sucesso: Clássicos 40 anos”, no BeFly Hall (antigo Marista/Chevrolet Hall/Savassi).
Sendo a “sessão extra” no dia 29, a noite chuvosa (depois de um longo período de estiagem na capital mineira) contou com a reunião de pessoas animadas em uma casa de eventos lotada de fãs para ver o power trio em ação.

Herbert Vianna (voz e guitarra), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) acompanhados por João Fera (teclados), Monteiro Jr. (saxofone) e Bidu Cordeiro (trombone) mostraram como uma banda sincronizada apresenta um verdadeiro espetáculo de música tupiniquim.
João Fera, inclusive, aproveitou Belo Horizonte para lançar seu livro, uma biografia, “João Fera desde 1986”, em evento em uma livraria na capital mineira.
O show contou com nada mais, nada menos que 36 músicas, entre próprias, medleys e covers.

Com um atraso de cerca de 20 minutos após as 22 horas, o show foi iniciado com “Vital e Sua Moto”, a música emblemática que foi a primeira do primeiro álbum da banda, homenageando um antigo amigo e membro do grupo.
Vital existiu, é um personagem verídico, e, na verdade, ele foi o primeiro baterista do Paralamas do Sucesso entre 1981 e 1982. “A história, bem resumida, é que o Herbert e o Bi moravam em Brasília e, em 1978, se mudaram para o Rio. Herbert vivia enchendo o saco do Bi pra que ele aprendesse a tocar baixo para que montassem uma banda, mas eles não tinham baterista. E tinha esse cara na turma do cursinho que batucava nas mesas, era o Vital Dias. Decidiram montar uma banda com o Vital”.
Fato é que houve uma reviravolta que mudaria a história do Paralamas: “Teve umas idas e vindas até que, no primeiro show que fizeram, quem iria tocar eram Herbert, Bi e Vital, mas este último não apareceu. Um conhecido indicou o João Barone e eles perceberam que rolava muito mais química com o Barone do que com o Vital, que, aos poucos, foi saindo e deixou a banda”.

Na continuidade do setlist, um verdadeiro retrospecto do rock brasileiro teceu memórias políticas, românticas e musicais, que vão do SKA, MPB, além de outros subgêneros, como o reggae marcante nos metais utilizados nas músicas.
Na entrada da segunda canção, Herbert errou a entrada da música, pediu à banda para recomeçar e soltou: “estou fazendo o que sempre sonhei na vida”, seguindo com a música “Cinema Mudo”. Fazendo uma sequência histórica, “Lourinha Bombril” voltou a aquecer a turma. Após tocar “Selvagem” e “Polícia”, Vianna agradeceu à equipe que, há 40 anos, acompanha a banda. Aliás, o que não faltou a Herbert foi simpatia, presença de palco e brilho nos olhos.
O frontman, seguindo a releitura, foi falando um pouco antes de algumas músicas e, apesar de clássica, disse que iria tocar uma mais recente da banda, se tratando de “Seguindo Estrelas”. Ponto alto e emocionante do show foi quando, após o final da música “Romance Ideal”, apareceu no telão a foto da sua falecida esposa, vítima de seu acidente de ultraleve, que levou o vocalista a ter uma reviravolta na vida e ficar preso a uma cadeira de rodas. A próxima música, seguindo o clima, foi “Ela Disse Adeus”, animando a casa, que, um fato curioso, era composta em sua maioria por pessoas 30+, e alguns lindos casos de gerações juntas para curtir essa festa linda que são os Paralamas do Sucesso. Vianna agradeceu novamente a energia da plateia e disse que gostaria que os filhos estivessem presentes para sentir a energia do show.


Quando o frontman pediu que o público acendesse a luz dos celulares dentro do BeFly, já sabíamos que viria o maior clássico da história da banda, “Lanterna dos Afogados”, e gritos e coro musical foram celebrados nesta música que, até hoje, é tocada nas rádios. Uma banda de programa de televisão e de rádio dos anos 80 e 90, uma metralhadora de lançar hits, ao vivo reproduz exatamente o que ouvimos ao longo da vida. Barone impecável em sua bateria Tama, e Bi Ribeiro em seu baixo Factor, com o vermelho sendo um dos mais clássicos instrumentos do gênero no país, seguraram de forma linda a celebração de uma carreira impecável.
Além dos clássicos, a banda interpretou Tim Maia, em “Gostava Tanto de Você”, e perguntou se o público estaria cansado, ouvindo coro de “não”. “Alagados”, “Uma Brasileira”, em sequência de hits, foi finalizado com “Óculos”, onde a banda fez sua famosa parada para retornar ao bis.
No retorno, o baterista João assumiu um microfone adaptado em seu instrumento e rasgou elogios à cidade de Belo Horizonte: “Isso aqui é Beagá. Duas noites aqui é um paraíso. Obrigado por terem vindo. Aqui temos amigos como o Skank, Pato Fu, Tianastácia, Beto Guedes… Minas Gerais é só medalha de ouro”, completou o músico.

Interpretando “Sossego”, do Tim Maia, e “Perplexo“, Herbert Vianna perguntou quantas pessoas presentes já assistiram Eric Clapton ao vivo. Falou sobre suas referências nas lutas sociais, sua contribuição pro blues, que disse ser o “lamento da tristeza”, e anunciou que os Paralamas tinham seu próprio blues, em sequência tocando “Caleidoscópio”, lançada na coletânea “Arquivo” em 1990.
A clássica “Que País É Este” veio, e Herbert disse que o Brasil é uma nação que criou Cazuza e Legião em seu legado, levando em consideração a valorização da nossa arte.
O show foi encerrado com um cover do The Clash, “Should I Stay or Should I Go”, música animada, selando uma noite que valeu a pena a todo o público presente.
Esta resenha foi escrita por Ênio Flávio Oliveira, correspondente da página @orockempalavras para o portal “Hora do Rock Web”. Além da cobertura editorial, foram feitas coberturas fotográficas, entrevistas e stories ao vivo, junto com o repórter SERENO (@serenoveiodeguerra1).
Acompanhem as coberturas dos portais “Hora do Rock Web” e “O Rock em Palavras” e fiquem atentos às novidades em Belo Horizonte e em todo o Brasil.
Os Paralamas do Sucesso Setlist
- Vital e sua moto
- Cinema mudo
- Bora-Bora
- Pólvora
- Ska
- Lourinha bombril (Los Pericos cover)
- Trac-Trac (Fito Páez cover)
- O calibre
- Selvagem / Polícia
- Mensagem de amor
- Seguindo estrelas
- Uns dias
- Romance ideal
- Ela disse adeus
- La bella luna
- Cuide bem do seu amor
- Tendo a lua
- Aonde quer que eu vá
- Lanterna dos afogados
- Quase um segundo
- O amor não sabe esperar
- Será que vai chover?
- Assaltaram a gramática
- Gostava tanto de você / Você (Tim Maia cover)
- O beco
- A novidade (Gilberto Gil cover)
- Melô do marinheiro / Marujo dub
- Alagados
- Uma brasileira
- Óculos
- Sossego (Tim Maia cover)
- Perplexo
- Caleidoscópio
- Meu erro
- Que país é esse? (Legião Urbana cover)
- Should I Stay or Should I Go (The Clash cover)