A noite desse último sábado, 09 de agosto, foi super emocionante pro pequeno Denner adolescente que ainda habita em mim e, acredito, também pro excelente público presente no BeFly Hall. Duas das grandes bandas do Rock Nacional do início dos anos 2000 se apresentaram no mesmo palco, no retorno do Tihuana às atividades depois de um hiato de 8 anos, e Detonautas voltando com os shows elétricos depois de uma belíssima tour acústica.

Iniciando a noite, Egypcio e Fernando Baía dividem os vocais com muita presença de palco em “É Guaraná”, música do primeiro álbum Ilegal, que comemora 25 anos e foi tocado na íntegra naquela noite.
Em “Sumertimes” e “Taca Fogo”, trazem aquele reggae cheio de ginga, misturado com música latina e característico do som da banda.
Uma das minhas favoritas do Ilegal, uma versão de “Clandestino”, canção de Manu Chao (músico franco-espanhol de ska e reggae), aborda a condição e invisibilidade social de pessoas que vivem à margem da sociedade, explorando temas como imigração, identidade cultural e preconceito. A letra menciona elementos como ser brasileiro, cabeludo, tatuado e usuário de maconha, características muitas vezes não bem vistas pelo “padrão” social.

Já em “Praia Nudista”, houve uma recepção meio fria e inesperada do público, sendo que é a música de apresentação da banda ao mundo como primeira do álbum de estreia. Mas, num medley com “Fogo na Bomba”, do grupo de rap paulistano Menos Crime, inflama a galera novamente, com Baía dividindo os vocais.
Mais um cover, dessa vez homenageando uma das maiores bandas do país e referência no reggae/ska, em “Meu Erro”, dos Paralamas do Sucesso, volta a animar o público, que canta a plenos pulmões.
Ainda na linha das homenagens, “Low Rider”, trilha sonora do filme Cheech and Chong, entra com seu ska super animado e o trio dos instrumentos de sopro finaliza com um solo espetacular.
Com a comemoração de 25 anos do Ilegal, acabaram deixando de fora muita coisa dos outros álbuns. Um Dia de Cada Vez (2006) foi o mais representado, com 3 músicas. Já A Vida Nos Ensina (2002), Aqui ou em Qualquer Lugar (2003) e o homônimo Tihuana (2004) apareceram uma vez cada no setlist, que não teve nenhuma canção de Agora é Pra Valer (2013).

Chegando ao fim da apresentação, eu já estava ficando triste, mas ao mesmo tempo realizado em ver pela primeira vez esses caras juntos. Um momento de mais peso do show com “Pula!” faz todo mundo pular literalmente, nessa que tem uma intro e riffs bem parecidos com a mais aguardada da noite, mas adiada a dobradinha, pois tivemos uma breve homenagem também ao Charlie Brown Jr. com “Tudo Que Ela Gosta de Escutar”. Lembrando que Egypcio, nesse período de hiato, foi vocalista do projeto de Marcão e Thiago Castanho, Charlie Brown Jr. 30 Anos.
Finalmente, a saideira vem com a queridinha e clássica “Tropa de Elite”, que não, não foi feita para o filme. Lançado em 2007, o longa trouxe como trilha sonora essa faixa do primeiro álbum Ilegal. Essa música era cantada pelos soldados do Bope durante os treinamentos, por isso deu nome ao filme. A real história por trás desse hino fala dos caras chegando a São Paulo, deslumbrados com as baladas. Era uma música adolescente: “Pega um, pega geral e também vai pegar você”, curtindo a noite com a mulherada. Acabou tendo esse duplo sentido e tomando uma proporção gigantesca. Dessa forma, ajudou a consolidá-la como o maior sucesso, fechando esse show super especial, que, mesmo tendo peso, conseguiu emocionar tantos fãs que aguardaram tanto tempo pra vê-los.
TIHUANA é:
Egypcio – vocal
Román Laurito – Baixo
Léo Stuart – Guitarra
PG – Bateria
Fernando Baía – Percussão


Meia-noite, mais tarde do que o esperado, sobem ao palco Tico Santa Cruz e a ótima banda que tem à sua disposição para um trio de músicas acústicas, ainda no ritmo da tour anterior, que eu confesso gostar muito do formato e acho que combina muito com a estética da banda. Inclusive, duas dessas foram inéditas do DVD Acústico de 2009: “Só Nós Dois”, que abriu a apresentação, e “O Inferno São os Outros”.


O início do show elétrico vem com “Só Por Hoje”, animando bastante o público com as guitarras plugadas e gritando bem os riffs de Renato Rocha e Phil Machado.
O show continua até chegar no primeiro cover que fizeram: “Minha Alma”, do Rappa, mantendo o público nas mãos com uma das maiores músicas dessa geração do Rock Nacional, com Tico saudando Marcelo Yuka, um dos compositores desse hino, ao final.
Chegando em “Send U Back”, pessoalmente, uma música que me emociona muito, uma das minhas favoritas, do meu álbum preferido, Roque Marciano, tocada perfeitamente pela banda.
A emoção continua com “O Dia Que Não Terminou”, música que sempre foi uma das mais queridas por mim e que, com o tempo, ganhou mais significado depois da perda de um amigo em um acidente de carro, que é sobre o que a letra diz.
Depois de um monólogo e agradecimentos, entra “Um Cara de Sorte”, momento sempre especial para Tico em seus shows, impecável.


Mais 2 covers trazem versões muito bem feitas de Frejat, em “Segredos”, e de Leandro e Leonardo com “Um Sonhador”, numa linda versão blues desse clássico da música sertaneja.
Já “Quando o Sol Se For” volta a agitar todo mundo, cantando muito esse clássico do primeiro álbum homônimo. Seu refrão “chiclete” contribui para todos os presentes fazerem um lindo coro.
Roque Marciano aparece de novo com “O Amanhã”, que mantém o astral lá em cima. Apesar de amar sua versão acústica, estava com saudades do pau quebrando com ela plugada. Mesmo caso de “Você Me Faz Tão Bem”, do excelente Psicodeliamorsexo&distorção, que traz uma vibe muito boa em sua versão original e que, ainda em sua forma mais visceral, Tico traz um belo discurso sobre amor ao final e organiza um abraço coletivo entre os presentes, fazendo uma linda corrente positiva que sempre marca os shows dos Detonautas.


“Outro Lugar” marca o final dessa noite linda que celebra o rock nacional dos anos 2000, mais uma do álbum de estreia, com aquele refrão que tá pra sempre na nossa memória e tá cravado como um dos grandes hits da geração.
DETONAUTAS é:
Tico Santa Cruz – Vocal
Renato Rocha – Guitarra
Phil Machado – Guitarra
Macca – Baixo
Fábio Brasil – Bateria

Showzaço do Tihuana e tbm foi Detonautas.
Grande noite pra quem gosta de rock! 🤘🏻🍻💥